ENSAIO 15: REDES SOCIAIS
- LFMontag
- 15 de ago. de 2022
- 25 min de leitura
Atualizado: 30 de jun.

Foto: Ayrton Cruz
Se você está aqui pela primeira vez este ensaio faz parte de um livro sendo escrito em tempo real seguindo a narrativa do fluxo de consciência, se te interessar acompanhar o processo comece pelo primeiro.
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23/08/2022
REDES SOCIAIS
Curta com a esquerda, limpe a bunda com a direita.
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We are actually fourth dimensional beings in a third dimensional body inhabiting a second dimensional world.
- Neal Cassady
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Exatamente no dia 22 de janeiro de 2019 eu postei apenas para mim mesmo no Facebook: pare de levar o celular pra cagar.
Aí um dia resolvi escrever sobre esse assunto de merda.
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O Dodô (Raphus cucullatus) tinha asas mas não voava e era endêmica da Ilha Maurício, a leste da Ilha de Madagascar no Oceano Índico, ave provavelmente extinta por volta de 1700, cerca de um século após sua descoberta por holandeses em 1598.
A extinção aparentemente repentina foi causada por uma soma de fatores a partir invasão e presença humana e outros animais incluindo cães, porcos, gatos, ratos e macacos comedores de caranguejo, que saquearam ninhos de dodôs e competiram pelos limitados recursos alimentares da região, destruindo o seu habitat natural antes de ter sido capaz de se adaptar.
A espécie entrou para a cultura popular como um animal estúpido e coletivista, irracionalmente histérico e irremediavelmente pacífico e dócil.
O último registro amplamente aceito de um avistamento de um Dodô é um relatório de 1662 do náufrago Volkert Evertsz, que descreveu aves capturadas em uma pequena ilhota ao largo de Maurício:
"Esses animais, quando nos aproximávamos deles, olhavam para nós e permaneciam quietos onde estavam, sem saber se tinham asas para voar ou pernas para fugir, e fazendo-nos aproximar-nos deles o mais perto que quiséssemos.
Entre essas aves estavam aquelas que na Índia chamam de Dod-aersen (uma espécie de ganso muito grande); incapazes de voar e, em vez de asas, têm apenas alguns pequenos alfinetes mas podem correr muito rapidamente. Nós os reunimos em um lugar de tal maneira que pudéssemos pegá-los com as mãos e quando seguramos um deles pela perna fez um grande barulho e os outros de repente vieram correndo o mais rápido que puderam em seu auxílio, mas sem saber como agir foram capturados e feitos prisioneiros também."
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Segundo o poeta romano Ovídio, Narciso era um rapaz extremamente bonito cujos pais dias antes de seu nascimento resolveram consultar um oráculo Tirésias para saber qual seria o seu destino, e este revelou que ele teria uma longa vida desde que nunca visse o reflexo do seu próprio rosto.
Narciso cresceu e se transformou em um jovem bonito e despertava amor tanto em homens quanto em mulheres mas era muito orgulhoso e arrogante como se soubesse de si, desprezando todos que tentavam se aproximar dele até o dia em que as ninfas cansadas de tanto ser ignoradas pediram aos deuses para vingá-las e então a deusa Nêmeses apareceu para ele sob a forma da deusa Afrodite, o atraiu e então o condenou a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na água.
Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio para olhar mais ainda para si e segundo uma das versões do mito então se afogou, em outra versão morreu de desgosto por não saber que era o seu reflexo e não poder ter aquela imagem para si mesmo, e em outra versão não tirou mais os olhos de seu reflexo até esquecer de comer e beber e definhar de fome e sede.
Depois da sua morte a verdadeira Afrodite o transformou numa flor, batizada com o seu nome, cujo caule ao contrário das outras flores direciona ela inclinada para baixo, como quem passa os dias procurando algo sem encontrar.

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Uma frase que eu gosto muito: O desabafo só é real se já carrega junto a solução.
O exemplo mais clássico é o fato das pessoas reclamarem constantemente do quanto a internet atrapalha a vida delas ao mesmo tempo pouco fazem pra mudar isso.
E entre os pontos negativos de estar conectado para mim o pior deles com toda certeza foi a destruição do hábito da leitura e a desconexão com a realidade.
Redes sociais já se tornaram a causa e consequência de muitas doenças físicas e psicológicas e é um mal generalizado, literalmente endêmico, mas eu acho covarde atitudes como excluir o próprio perfil e o famoso "dar um tempo".
Vícios devem ser combatidos lentamente de forma gradual e racional, substituindo hábitos ruins por outros saudáveis até o seu corpo e a sua mente e o seu espírito reaprenderem a medida certa das coisas.
Vale para alimentação, para manias, para relacionamentos e para internet, fazem parte da nossa vida mas não podem tomar o controle sobre ela, e em cerca de dez anos eu literalmente vi muitas pessoas ao meu redor regredirem como seres humanos, e me vi quase afundando junto nesse barco.
Eu ainda sou viciado mas quando me pego pensando nisso percebo como, felizmente, não sou nem nunca fui um décimo da maioria no dia-a-dia mas ainda assim sou dez vezes mais viciado que os amigos e pessoas as quais mais admiro, e é na direção destas pessoas que eu quero ir.
Como pensei em algum momento a política, o narcisismo e os algoritmos criaram ódio, tédio e isolamento generalizado nas redes sociais, foi-se o humor, foi-se a ironia, foi-se a comunicação, as pessoas não se expressam mais, apenas se exibem, e todo mundo agora parece viver o seu próprio reality show e ao mesmo tempo todos os espectadores estão entediados e ninguém parece querer se livrar disso.
Eu chamaria essa nova doença de autismo digital ou Síndrome de Show de Truman ou Complexo de Pay-per-view, o efeito manada agora é automatizado.
É aquela situação já infelizmente comum de você perguntar para uma pessoa como foi a festa/show/viagem e ela apenas responder perguntando se você não viu os stories dela ou seja, ela não vivenciou nada de fato e passou boa parte do tempo tentando os melhores ângulos, os melhores momentos ou os melhores pores-do-sol pra tudo parecer incrível e único e no fim... vazio.
Pior, o meu ponto de virada foi justamente quando um dia eu me flagrei em casa cagando no banheiro com o celular na mão vendo stories de pores-do-sol, pratos de camarão e closes de cerveja suada e me peguei na clássica armadilha mental de achar todo mundo idiota menos eu.
Good vibes only.
E aí passei a me perguntar quem seria mais imbecil, uma pessoa incapaz de aproveitar um pôr-do-sol sem precisar provar isso para os outros em tempo real ou outra incapaz de cagar em paz e se desconectar?
Bom, ambos são imbecis mas veja só, julgar os outros é literalmente mostrar a mão amarela.
Obviamente alguém filmando o pôr do sol é uma cena mais bonita que outra cagando com o celular na mão e quem terminou aquele pôr do sol com o cu sujo foi eu, então tomei uma decisão: ou eu faço um boomerang do meu cocô caindo na água agora mesmo ou eu largo o celular, limpo a bunda e em seguida faço uma limpa digital na minha vida.
Sim, eu lavei as mãos antes de começar.
Se você me conhece não me olhe torto na rua depois de me confessar, eu tenho certeza que você já fez isso e pelo menos uma pessoa do seu mundo e do seu círculo social está, nesse exato momento, cagando e mexendo no celular ao mesmo tempo.
E falta de tempo não é desculpa, porque além de cagar conectado todo mundo fica todo santo dia e o dia inteiro fazendo stories ou vendo os stories dos outros, procrastinação já virou nova conduta de vida.
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- Intervalo informativo científico um, já existe pelo menos uma variedade da bactéria Pseudomonas Aeruginosa (responsável pela maioria das infecções hospitalares) resistente à todos os antibióticos conhecidos então saiba agora:
Se tivermos uma (tivemos uma, teremos outras) crise de saúde causada por algum supervírus ou bactéria ela vai ser causada ou pelo menos potencialmente agravada pelos smartphones.
Sim, as pessoas não só levam o smartphone pra cagar, elas levam pra comer, pra transar, pra nadar, elas batem selfies com suas mãozinhas engorduradas dentro de hospitais, cozinhas, piscinas e creches. Vai morrer todo mundo com ou sem filtro da Kylie Jenner, quem estava cagando com o celular na mão e quem não estava, quem admite levar o celular pra cagar e quem não, quem lava as mãos depois e quem não lava, com ou sem boomerang, no mundo das doenças você não é um influencer, você é apenas um vetor ou um hospedeiro, ou ambos. -
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- Intervalo informativo científico dois, não vou nem comentar o quão prejudicial é para sua saúde ficar sentado tempo demais no vaso sanitário, pesquise. -
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De uns anos pra cá fui recuperando aos poucos algumas coisas perdidas dentro de mim e entre elas o prazer de ler, mas ainda assim a minha média estava muito inferior de antigamente e eu poderia ter e gostaria de recuperar.
Não posso culpar ela das minhas escolhas mas já culpando por causa da internet fazer coisas prazerosas se tornaram um tediosas e realizar obrigações se tornaram um castigo.
Mas aí no final de 2018 vendo o canal da sensacional Tatiana Feltrin ela deu uma ideia muito ridícula de simples: 12 livros para 2019.
Nem é uma ideia original, eu apenas nunca tinha parado pra pensar nisso mas é simples, um livro por mês até acabar o ano.
Se parece muito pra você, faça uma conta básica: Lendo apenas 10 páginas por dia, serão 300 páginas em um mês, um livrão, e você pode muito bem ler sem perceber 30, 50 ou até 100 páginas em uma noite e na outra apenas dormir ou ver algum filme ou estudar ou se quiser, piorar a sua insônia vendo a vida dos outros.
2019 inclusive foi o primeiro ano em muito tempo que pude enfim ter algumas horas livres no meu dia/noite e resolvi definitivamente aproveitar, então fiz uma lista e tentei seguir.
Não foi uma lista restrita porque abrir um livro é uma questão de como está o seu espírito e interesse no momento, uns foram simples e rápidos mas outros foram um mergulho bem difícil, fui por autores e entre resgates, escolhas e presentes acabaram sendo felizmente quinze livros no total.
E por falar neles aqui está a minha dica de livro, 12 Regras Para a Vida do Jordan Peterson foi o meu favorito do ano por um motivo bem simples: Todo mundo, dos 18 aos 88 anos, deveria ler.
A diferença é que lendo aos 18 você vai ter uma luz para o seu futuro e aos 88 você vai ter uma luz para o seu passado, e ambas as experiências vão ser incríveis.
É o primeiro livro na minha vida que me fez pensar em comprar uma daquelas canetas amarelas horrorosas e sujar ele de marcações.
As referências e metáforas sensacionais, a fundamentação científica, a capacidade de enaltecer e criticar as próprias crenças e visões (com igual vontade) e em tirar lições simples de situações complexas e também fazer análises complexas de situações simples podem mudar a vida de qualquer pessoa.
Política, ideologias, relacionamentos, doenças, gêneros, família, autoestima, amizade, ciência, psicologia, filosofia, religião, imagina a melhor conversa de bar que você já teve com a pessoa mais inteligente que você já conheceu e você pode ter uma ideia de como é o livro.
Na minha opinião Jordan Peterson já está entre os grandes escritores da era contemporânea, um verdadeiro polímata moderno.
Apesar do nome e dos títulos dos capítulos (e de ter sido imbecilmente catalogado como livro de autoajuda no Brasil) na verdade é um tratado de filosofia e ciência aplicado ao mundo moderno de forma simples e direta.
O primeiro capítulo "Costas eretas, ombros para trás" é uma luz para qualquer pessoa e depois de começar não tem mais volta, inclusive os capítulos com os títulos menos pessoalmente interessantes acabaram sendo os que mais me cativaram.
Todos os capítulos tem a mesma estrutura começando com a frase do título ou seja, a regra em si e aí ele passa a divagar sobre alguma lembrança pessoal da infância, ou de algum trabalho da juventude, ou sobre algum amigo ou paciente, e aí te joga para a Rússia do século passado ou alguma passagem bíblica ou algum contexto político atual ou algum escritor ou outras memórias e conceitos científicos de forma aparentemente desconexa e então no final tudo se soma e aí encerra repetindo a frase/regra do título e tudo faz sentido. Simples, divertido, cativante e efetivo.
E os dois últimos capítulos, "Não incomode as crianças quando estão andando de skate" e "Acaricie um gato ao encontrar um na rua" são simplesmente devastadores.
O penúltimo por ter coragem de colocar a vida como ela é e não como nós sonhamos ser e o último por descrever em um único capítulo a terrível doença congênita da sua filha e relacionar com a presença de cachorros e gatos na sua vida.
Em apenas vinte páginas ele começa a lendo a sua mente (tá, por que não cachorro?), fala sobre o coletivismo social humano, explica porque o Superman quase faliu e no meio disso narra anos de sofrimento convivendo com um familiar doente e logo o papel das pequenas alegrias do dia-a-dia para então encerrar sugerindo uma ridícula e hilária solução particular para os problemas.
É como se ele tivesse escrito 380 páginas para te preparar e no final nestas tão poucas vinte páginas fazer gelar o coração e então gargalhar de rir, transformar a dor pessoal em luz é capacidade para poucas pessoas e Jordan Peterson parece ser uma delas.
Foi ótimo ler esse livro em 2019 em pleno sol de inverno, um ano de tantas alegrias para mim, e fazer a gente por os pés no chão de novo.
E como se fosse pouco, os agradecimentos finais ainda trazem mais uma lição valiosa, quem arriscar ler verá.
Resumindo: Baita livro.
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Viu só quanta coisa pode ser dita a partir de uma simples e constipada ida ao banheiro?

A vida é uma só e livros são um ótimo caminho, se a minha dica ou reflexão de alguma forma der uma pequena luz para você ou motivação para recuperar ela, só posso ficar feliz.
Era um desabafo com a solução junto como havia prometido, meu nome é Luiz e na data de hoje eu estou 1317 dias sem levar o celular para cagar*.
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Redes sociais são tristemente engraçadas, chupetas digitais de adultos infantilizados onde o nonsense se tornou o novo normal (ops), o inadimirável mundo novo onde tudo o que era belo se tornou vazio.
A sonda espacial Voyager 2 completou 45 anos no espaço em 2022 e apesar do nome a apressadinha saiu primeiro e foi lançada em órbita duas semanas antes da sua irmã Voyager 1.
Ambas foram lançadas com os seus maravilhosos e interessantíssimos discos dourados e cada uma também com um toca-fitas de oito pistas para gravar dados com cerca de 3 milhões de vezes menos memória do que os celulares modernos e transmitem 38.000 vezes mais lentamente do que uma conexão de internet 5G, basicamente provando sermos um povo inteligente e avançado tecnologicamente mesmo décadas atrás mas como já vimos nas linhas anteriores, quem achar estes discos e vier nos procurar vai se decepcionar bastante.
Se uma nave passar hoje por aqui e pousar na cidade ao invés do milharal vai descobrir o quanto a internet regrediu o espírito e o intelecto de homens e mulheres, uma pessoa adulta nos dias de hoje possui o mesmo nível de birra, dificuldade de atenção e estafamento mental de uma criança de cinco anos após passar a tarde toda no terceiro piso de um shopping center, alternando entre a dopamina do açúcar da praça de alimentação e a adrenalina dos brinquedos eletrônicos.
Anos ou até décadas atrás uma pesquisa mostrou uma relação de que quanto mais canais uma televisão possui menos tempo o telespectador assiste cada canal, mudando ativamente de um para o outro no controle remoto, um processo conhecido hoje como zapear e cujo tempo médio em cada canal era de no máximo 15 segundos, exatamente o mesmo tempo fixo de um story no Instagram ou de um vídeo no Reels ou Tik Tok, criando propositalmente um reforço de desinteresse, desatenção e repetição automática do mesmo processo, uma prisão temporal no loop entre a perspectiva falsa a respeito do vídeo anterior e expectativa pelo próximo, agora ativamente sendo usado contra você.
E os algoritmos nos direcionam, eu fiz o teste.
Quando se é homem a plataforma sugere o tempo todo para você seguir perfis de mulheres cujo corpo já é formado por pelo menos 70% de derivados de petróleo e se você não deseja ver isso a única forma de minimizar é forçar o algoritmo curtindo e seguindo perfis com os seus maiores interesses.
Pois bem, foi o que eu fiz e a plataforma passou a me sugeris perfis de:
- cachorros fofos
- pedais de efeito
- bicho selvagem matando outro bicho selvagem
Eu amo cachorros fofos, pedais de efeito e bicho selvagem se matando.
Mesmo assim continuaram a me torturar sugerindo seguir peitudas de plástico e perfis com tutorial para pegar mulher, perfis de CrossFit, perfis de remédio para calvície, impotência e saúde da próstata, sugestão de vídeos de tiktokers rebolando com língua de fora e todos os etc direcionados para sugar a sua energia sexual, o seu espírito e a autoestima de um homem com 45 anos de idade.
Mas tudo bem, resolvi desafiar a plataforma e mudei meu gênero para mulher, e adivinha?
Comecei a receber sugestão de perfis de harmonização facial e cirurgia plástica, maquiagem e mandinga online para amarrar homem e trazer o ex de volta em três dias, recuperar amor perdido, tirar marido de outra, enlouquecer o ex e infernizar as inimigas.
Algoritmos não diferem de leis matemáticas e físicas no que dizem respeito ao resultado final, são apenas uma conclusão da observação do universo como ele é, seja a lei da gravidade ou a lei da atração, sejam as relações entre os planetas ou as relações homem-mulher, e se tem algo que algoritmo entende é de estereótipo, e se ele te alcança é porque os estereótipos ainda não mudaram.
Parece não termos dado aquele tão necessário passinho para a frente, aquele tão esperado salto da humanidade.
Se chegássemos na lua hoje faríamos uma dancinha?
E se a Voyager fosse lançada hoje, teríamos assunto para colocar nela?
E assim como a TV das décadas anteriores fez dos homens o maior alvo das redes sociais são as mulheres, e o impacto é difícil de mensurar mas fácil de observar.
Lembra quando a coisa mais linda existente no universo era você flagrar uma mulher se arrumando, se olhando no espelho, dançando, gostando de si mesma, sem perceber que você estava olhando para ela?
Depois das redes sociais, não mais.
A novinha de 20 anos hoje é igual ao tio do pavê de 40 anos nas festas familiares da década de 80: as dancinhas sem graça, o vício em pornografia, as encoxadas, a mania de chegar passando a mão nos outros sem consentimento, de por a língua para fora e fazer gestos obscenos o tempo todo sem contexto, o ódio ao sexo oposto, o alcoolismo, as camisetas com recados "divertidos" de conotação sexual chula ou sexismo de baixa categoria, o vício em remédios, as piadas "engraçadas", a romantização da depressão e da psicose, almas sugadas por uma ring light e pela câmera de um iPhone, malabaristas de sinal sexualizadas fazendo truques e caretas no Tik Tok ao som de funk em troca de esmolas de atenção.
E como muitas plantas, mesmo aquelas ainda lindas por fora ainda com folhas e flores aparecendo, estão mortas por dentro, não há filtro digital capaz de esconder o já generalizado thousand-yard stare dos soldados traumatizados no olhar de quem foi sequestrada pela guerra por atenção digital.
Lembra quando a coisa mais vergonhosa na sociedade era o Sergio Mallandro e a coisa mais vulgar eram as dançarinas do É o Tchan?
As Tiktokers são a herança.
Nesta pracinha de brinquedos eletrônicos ao lado da pracinha de alimentação que é o smartphone para adultos infantilizados, homens querem sexo e mulheres querem atenção e as redes sociais terminaram por escravizar ambos, e o Instagram já é igual a uma capa de filme pornô em uma locadora de VHS das décadas passadas.
Homens sonham com uma mulher sem conta no Instagram, mulheres desejam homens que não usem Instagram o tempo todo, mas homens não abrem mão (literalmente) de seguir mulheres no Instagram e mulheres menos ainda da atenção digital proporcionada por outros homens, todos querem subtrair do outro, ninguém quer somar para ninguém.
Atenção é tempo, o bem mais precioso das empresas é tomar o nosso único bem não renovável, nem recuperável, muito menos substituível.
Se narciso morreu afogado ou definhado por mergulhar em si mesmo apenas ao ver o seu reflexo o que dizer de uma geração cujo reflexo agora também tem uma plateia de atenção e validação em tempo real, o tempo todo?
Eu não queria mandar indireta para alguém mas eu ia curtir a sua foto, só que aí eu li a legenda, eu era afim de você, mas aí eu vi os seus stories.
O narcisismo é a doença deste século, o designer de sobrancelhas está acabando com a civilização ocidental, e o reflexo se tornou uma porta para um abismo.
Redes sociais são sobre ego, e nada emburrece mais uma pessoa que o próprio ego.
Ao longo da nossa história comemoramos datas felizes, então registramos datas felizes, então compartilhamos datas felizes, então criamos e simulamos felicidades para compartilhar e competir com os outros, e até mesmo infelicidades para atrairmos o sentimento de pena digital alheia.
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"Está na moda sugerir que o ciberespaço é uma ilha de bem-aventurados onde as pessoas são livres para se entregar e expressar sua individualidade. Isto não está certo. Eu vi muitas pessoas derramando suas emoções – suas entranhas – online e eu mesmo fiz isto até que comecei a ver que eu tinha mercantilizado a mim mesma.
A mercantilização significa que você transforma algo em um produto que tem valor monetário.
No século 19, as mercadorias eram feitas nas fábricas por trabalhadores que eram em sua maioria explorados. Mas criei meus pensamentos interiores como mercadorias para as corporações que possuíam o controle sobre o qual eu estava postando, como CompuServe ou AOL.
E esta mercadoria foi então vendida para outras entidades de consumo como entretenimento.
O ciberespaço é um buraco negro, absorve energia e personalidade e depois o reapresenta como um espetáculo emocional.
É feito por empresas que mercantilizam a interação humana e a emoção.
E estamos nos perdendo no espetáculo."
- Carmen Hermosillo, conhecida como Humdog, em 1994, no comecinho da internet.
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Redes sociais não são sobre o que elas são, mas no que elas se tornam, primeiro viciamos naquilo que gostamos, depois passamos a dar mais atenção para aquilo que nos incomoda, e agora estamos viciados em coisas que não gostamos até deixarmos de gostar de nós mesmos pois nunca vai ser bom, porque está sempre ficando pior.
E se tratávamos desconhecidos como inimigos apenas porque discordavam de nós, agora tratamos amigos de anos e até décadas como conhecidos, para então destratar como se fossem desconhecidos, que então se tornam nossos inimigos.
Apenas porque discordaram de nós.
E se este é o impacto na vida dos adultos, imagina na vida das crianças que agora também seguram a pracinha do shopping inteira na palma da mão.
Historiadores do futuro descreverão a internet como a técnica política para dividir as pessoas em bolhas enquanto as fazem acreditar que estão conectadas globalmente.
O FOMO (Fear of Missing Out, medo de estar de/por fora) e a nomofobia (o medo irracional de ficar sem o seu celular ou ser impedido de usá-lo por algum motivo, como ausência de conexão à internet ou bateria fraca) são as novas prisões, mandar indiretas é a nova guerra fria, cancelar é a nova corrida armamentista, confundir vida com algoritmo, relacionamento com trend e felicidade com engajamento.
Um estudo mostrou que entre outubro de 2011 e novembro de 2017 quase 300 pessoas morreram arriscando a vida tentando tirar uma selfie chamativa (um número médio cinco vezes maior que morrer atacado por um tubarão), até mesmo na beira de penhascos e cânions.
Um dos locais mais impressionantes na Noruega chama-se Trolltunga, uma rocha inclinada 700 metros acima do lago Ringedalsvatnet e apesar de parecer um local isolado do mundo a pessoa geralmente precisa aguardar a sua vez em uma longa fila de influencers de espera, os dodôs da era digital, era que prometia trazer todas as respostas e está nos deixando com perguntas demais.
Se nunca sabemos se as pessoas mudam ou o tempo mostra como elas realmente são fica a pergunta: Se demoramos milhões de anos para desenvolver a fala, outros milhares para desenvolver a língua escrita, centenas para criar a imprensa e então décadas para a internet, as redes sociais tornaram as pessoas idiotas ou apenas 15 segundos provam que elas sempre foram?
O que te assusta mais na era do algoritmo, ter a sua privacidade e individualidade anuladas ou perceber que você as nunca teve?
Aliás, lembra quando a gente achava que a estupidez era causada pela falta de acesso à informação?
Pois bem, não era.

E agora as redes sociais estão terminando por dividir nós de nós mesmos, uma dissociação cognitiva diária em tempo real e sem descanso que um século atrás só nos atingia em períodos de comoção social coletiva.
Com o excesso de dopamina saem a oxitocina e a serotonina e entram o cortisol e a adrenalina.
Foi-se o tempo em que você voltava para casa suado, com o corpo dolorido e sem voz por ter aproveitado ao máximo aquele momento, todos os melhores shows da vida de alguém só foram chamados assim porque a plateia fez parte deles, e as melhores plateias vistas de fora pareciam uma briga generalizada mas aos olhos de quem estava dentro todos estavam sorrindo, ninguém se conhecia e todo mundo era melhor amigo por uma noite e outros se tornavam amigo para a vida.
Talvez seja isso, uma geração que não se permite suar e pisar no pé do vizinho jamais vai saber canalizar e direcionar e entender a diferença entre raiva e a agressividade do ódio e a violência, e talvez falte gratidão e admitir quão privilegiado se é por ter acesso à cultura e poder se dar ao direito de se sentir entediado.
Nunca foi nem nunca vai ser um problema querer registrar e postar momentos de alegria, até eu tenho os meus, mas a vida é aquilo acontecendo enquanto pessoas estão preocupadas com o melhor ângulo para garantir o vazio da dopamina digital.
Nem o rock and roll escapou, é só você ver qualquer banda com mais de dez anos de carreira e ver a diferença entre os públicos nos anos que se passaram. Metallica, Arctic Monkeys, qualquer banda, procura no YouTube e você verá, o apocalipse da diversão zumbi já era um fenômeno mundial antes da pandemia e agora as pessoas voltam pra casa do mesmo jeito que chegaram, com seus looks impecáveis, e por quê?
Porque a agora só existem cinegrafistas, qualquer estádio se tornou uma área de imprensa gigante forrada de cinegrafistas de celular.
Quão frustrante deve ser você estar numa banda e tocar para milhares de pessoas estáticas te filmando?
E pior, os próprios artistas compraram essa ideia e aderiram a este formato mecanizado e ensaiado, os mesmos setlists a turnê inteira, na mesmas ordem e as mesmas falas, tudo para agradar um público cada vez mais apático e com comportamento de cliente de bistrô, incapaz de cantar junto e pular mas extremamente disposto a xingar muito no Twitter se a banda da vida não tocar a favorita na hora certa, com a luz certa e no volume certo para ser postado na internet em tempo real.
Por pura questão de sobrevivência e para manter seu padrão de vida (discos não vendem mais, todos nós sabemos disso) começaram a literalmente a fazer as vontades dos clientes, você chega num evento já sabendo quais músicas irão ser tocadas, em qual ordem elas irão ser tocadas e mais triste ainda, você sabe até mesmo o que o vocalista vai dizer entre as músicas, decorado.
Os músicos das bandas grandes agora parecem mais garçons servindo uma plateia porque agora, mais do que nunca, o cliente sempre tem razão.
Mesmo a justificativa do setlist ser idêntico a turnê toda por causa dos efeitos e telões, isso só reafirma o quanto a música perdeu a naturalidade em função dos smartphones do impacto visual e a música, se não está em segundo plano, está sendo apenas coadjuvante de um momento que tem de ser completo: telões, luz, conforto, simetria, tudo pensando e calculado para ser um produto, a pasteurização da música, um produto de prateleira como qualquer outro, que tem de ser sempre mantido na mesma temperatura
E se antes num passado recente todo mundo parava para filmar, agora com a síndrome de influencer e síndrome de blogueira generalizados todos começam a fazer live em tempo real.
Ironia máxima: antes os shows eram incríveis porque todos estavam conectados e agora os estão horríveis porque todos estão... conectados.
Como pode uma geração ser tão triste a ponto de sair de casa pra ver um show e na hora da sua música favorita ao invés de chorar, rir, gritar, cantar, abraçar e se emocionar prefere sacar um celular e filmar para mostrar para todo mundo que não está ali, que está ali?
Existe forma de ausência maior que provar para as pessoas que não estão ali, que você está ali?
E ainda responder mensagens em tempo real como se fossem correspondentes de algum canal de notícias.
Se é para pagar (muito) caro num ingresso e ficar rodeado de pessoas como se você estivesse na sala da sua casa, acho mais válido economizar e comprar a televisão mais moderna com o melhor sistema de som e assistir embaixo das cobertas na forma mais confortável e realista possível (ironia inclusa) e sendo bem sincero até apanhar da polícia era divertido, qualquer coisa que te faz lembrar que você estava vivo e não esse monte de zumbi digital que você encontra pelas ruas o tempo todo.
Quanta ironia, os velhos carrancudos de hoje estão com razão: a minha geração viveu.
A minha geração tem joelhos e costas doídos, cicatrizes e lembranças, a minha geração chutou canelas, abraçou e beijou desconhecidos, fez amizades instantâneas durante o refrão e agora temos a geração que mostra tudo mas não conversa nada sobre e festivais como o Lollapalooza mesmo se tornaram um grande show, mas de horrores disfarçado de diversidade.
Na verdade é a típica diversidade de agências de publicidade, negros, gays e mulheres de classe média alta com seus looks coloridos e afetados, uma versão atualizada e mal acabada dos estereótipos de gays, negros e mulheres que sempre permearam a televisão aberta, novelas da Globo e agora as redes sociais.
Talvez seja isto que essa geração queira, algo pronto, previsível, calculado, porque elas não estão lá para se divertir, elas estão lá para dizer para os outros que elas estão lá se divertindo, em tempo real e nada pode ser menos divertido que isso, não saem de casa depois para contar como foi o porque elas já filmaram, os amigos já viram, elas já viram que os amigos já viram, os amigos já sabem que ela viu que eles já viram e fica esta comunicação
surda e indiferente e sim, desumana.
A geração que transformou a sociabilidade em escravidão, que transformou o sorriso amarelo de trabalho em profissão.
A geração que vai ter tudo pra mostrar e nada pra contar, que registrou tudo e não lembra de nada.
A geração que vive pra provar que está vivendo e escreve errado mesmo usando o corretor automático, e procrastina o dia inteiro para ir dormir dizendo não ter mais tempo para nada.
A geração que se finge de deprimida e resiliente para ganhar likes no setembro amarelo, que fica doente e lota as emergências de clínicas e hospitais para fazer stories e sem comentários a cruel e patética exposição de avós, pais e parentes doentes acamados em hospitais, com frases prontas de superação.
As pessoas hoje se expõe demais e conversam de menos, uma mistura de exibicionismo com indiferença, excesso de exposição com tédio, confundem romantismo com foto composta de Instagram, montagens e filtros e closes de mãos dadas, uma espécie de lei da utilidade marginal afetiva e social, quando as pessoas criam um campo de desinteresse de tanto tentarem provar levar uma vida interessante.
Um eterno Dia da Marmota de closes em drinks e ângulos abertos em pôr do sóis, uma roda de narcisismo moto contínua alimentada por ego onde todos são os outros seres vivos pano de fundo (a avó doente, o cachorro carente, até velório) e objetos de desejo materiais e consumo são o foco (o copinho do Starbucks, a mochila da Adidas, a bolsa da Louis Vuitton)
O mais triste sobre essa geração, é uma geração linear e estática que nunca vai sentir vergonha do próprio passado. Sim, é essencial para a vida sentir vergonha de si mesmo, das roupas que vestia e depois mudar de ideia e se admirar e assim por diante.
É incrível saber e poder ter tecnologia que possa registrar momentos incríveis da nossa vida ou até mesmo poder filmar momentos incríveis que ninguém acreditaria se não tivéssemos filmado, por outro lado as pessoas estão ensaiando,
roteirizando e filmando e editando momentos forjados para serem exibidos online ou pior, tornando apáticos momentos realmente incríveis, justamente pela necessidade de mostrar isto para os outros.
A geração que não se abre mais com os amigos, mas se exibe para os desconhecidos.
A geração que volta para casa correndo pra carregar o celular.
A geração que parece estar de castigo o tempo todo.
A geração que tem de pedir pra assistir tudo até o final!!
A geração mostra tudo mas não conversa sobre.
A geração que muito exibe mas pouco expressa.
A geração que registra mais que vive.
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Um levantamento do Pew Research Center em 2023 mostra que 61% dos adultos nos EUA acham difícil fazer novos amigos, e 44% relatam ter perdido conexões importantes desde a pandemia.
No lugar dos vínculos íntimos e cotidianos, crescem as chamadas amizades de baixa manutenção: convenientes, digitais, espaçadas.
A vida acelerada, a cultura do desempenho e a hiperconexão tornaram o afeto um ativo raro — e, muitas vezes, substituído por relações estratégicas e redes profissionais.
É a era dos conhecidos úteis, do networking, dos colegas de projeto, dos vínculos rápidos que não demandam presença, mas entregam função.
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Talvez Neal Cassady não esteja mais certo, largura e altura, é tudo o que as pessoas possuem hoje, vendo tudo de forma dicotômica, bilateral, maniqueísta, preto no branco.
O mesmo polegar opositor que permitiu a evolução humana está destruindo ela, agora somos zapeados 15 segundos e então, cada vez mais, nos sentimos obsoletos.
O que essa geração faz quando deita a cabeça no travesseiro e tenta lembrar o dia que passou?
Pessoas de 20 anos, façam filhos, quando eles tiverem 20 anos eu estarei com 60 anos lá curtindo com eles, felizmente cada geração tende a ser o oposto da geração anterior então seus filhos na idade certa irão se divertir de verdade e eu estarei lá inteirinho e enxuto curtindo com eles e eu poderei enfim gritar: NO MEU TEMPO ERA EXATAMENTE ASSIM!
E por falar em redes sociais e controle remoto, estamos chegando nos dias mais tristes do ano, quando o ego encontra a ilusão e a dissonância esconde a ilusão.
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*Se por acaso você estiver cagando e me lendo ao mesmo tempo, os meus sentimentos serão conflitantes, triste pelo recado não ter sido absorvido mas ainda feliz por você insistir e chegar até aqui antes de limpar.
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Cápsulas do tempo.
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Por falar em autismo digital, a Geração Z (de zumbi) por algum bug do destino resolveu mostrar que ainda existe um pouco de espírito dentro dela.
Um relatório da Prospectus Global de uma pesquisa com jovens de 16 a 29 anos identificou que dentro do local de trabalho os emojis podem fazer você parecer velho, distante, grosseiro, passivo-agressivo e até mesmo carente de poder, espaço e atenção.
Mas mesmo assim uma boa parte dos entrevistados relatam usar vários emojis em uma mensagem de texto “para deixá-la mais clara”, o famoso "entendeu ou quer que eu desenhe?" que faz da Geração Z distante, grosseira, passivo-agresssiva e, principalmente, carente de poder, espaço e atenção.
De todo modo segue a lista de emojis capazes de te fazer perder o seu emprego ou ofender quem um dia achou emoji uma forma de comunicação:
Joinha 👍
Coração vermelho ❤️ ️️
Ok 👌
Marca de verificação ✔️
Cocô 💩
Chorando alto 😭
Macaco cobrindo os olhos 🙈
Palmas 👏
Marca de beijo 💋
Careta 😬
O emoji de beringela ainda é válido, embora sempre tenha sido desnecessário.
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Uma família foi encontrada desidratada pelo corpo de bombeiros na localidade de Bom Sucesso no interior do Estado de Santa Catarina após se perder com o GPS, a rede social de coordenadas, que na teoria deveria ajudar os motoristas a chegarem ao destino com mais facilidade mas pelo jeito nem sempre é assim.
Depois de atendidos eles foram orientados pelos moradores do local sobre uma rota para saírem e isto me lembra que no meu tempo não só era melhor, nós tínhamos apenas o PPS (Pergunte Para o Sitiante) e o caminho era sempre o mesmo: Segue reto toda vida.
Não à toa naves alienígenas preferem pousar num milharal e falar com sitiantes que com pessoas da cidade grande.
Não temos GPS, leia as placas.
Menos GPS, mais PPS.
Não temos wifi, conversem entre si.
E segue reto toda vida.
Tudo isso me traz uma lição bem simples do Michael Collins para todos nós: O cara deu a maior carona da história da humanidade e com apenas uma chance de achar o caminho de volta para casa e você aí pedindo localização da balada para o seu amigo que está na fila na entrada do lugar.
E um planeta onde as pessoas não sabem mais nem achar um endereço sozinhas não merece ser o centro do universo.
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O final de Better Call Saul ficou perfeito, desejar qualquer outro final seria egoísmo da minha parte.

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Better Call Saul acabou e deixou um leve vazio, aquele vácuo que te faz ficar indeciso entre perguntar para os amigos uma indicação de série nova ou reassistir uma série antiga inteira.
Como eu sou bom de amigos felizmente ninguém me indicou esta, mas não pude deixar de notar o lançamento da série She-Hulk, a mulher hulk empoderada verde e truculenta, advogada dona da porra toda, CEO da vida dela, ela fica verde ela e se não gostar fica mais verde ainda e bota para quebrar, é tanto estereótipo e piada pronta que se falar sobre chamam a gente de machiste, e como não faltam mulheres verdes truculentas e empoderadas por aí para não arriscar a minha vida vou apenas perguntar se ela não estaria melhor no papel da filha do Shrek e se chamar She-Shrek, tente falar She-Shrek bem rápido com a língua no céu da boca.

Hoje me despeço assim.
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