Foto: Ayrton Cruz
Se você está aqui pela primeira vez este ensaio faz parte de um livro sendo escrito em tempo real seguindo a narrativa do fluxo de consciência, se te interessar acompanhar o processo comece pelo primeiro.
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16/08/2022
1969
Três americanos, três versões da mesma história, três versões da mesma música.
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E por falar em 1969, no dia 20 de julho daquele ano a Missão Apollo 11 chegava na lua com três astronautas e três pares de olhos deram três versões sobre a mesma história e o astronauta Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar na lua, feito considerado por muitos e até hoje a maior aventura da história da humanidade.
Segundo suas palavras este foi o tal pequeno passo para o homem mas um grande salto para a humanidade.
E logo depois um segundo astronauta, Buzz Aldrin, realizou o mesmo feito.
Buzz Aldrin por sua vez relatou a sua primeira impressão do solo lunar de forma não tão glamorosa mas muito mais ampla e ao mesmo tempo direta, e de um certo romantismo gótico: uma magnífica desolação.
Mas de todas as histórias a versão que eu mais gosto é a dos olhos e da foto tirada pelo terceiro astronauta, Michael Collins, que ficou no módulo de resgate. Na foto você vê o módulo Eagle com os dois astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin já em direção a lua e no fundo, o Planeta Terra.
Ou seja, é a única foto da história da humanidade onde todas as pessoas que já passaram pelo planeta, vivas ou mortas - e não metaforicamente todas as que ainda nascerão - estão nela, menos quem fotografou.
Por isto Michael Collins ficou conhecido e pelo mesmo motivo depois pouco falado como o homem e trabalhador mais solitário de todos os tempos e o único dos três a não pisar em solo lunar.
Se algo desse errado com o módulo de pouso ele estaria na humanamente terrível posição de ser o único socorro possível e ao mesmo tempo impossibilitado de ajudar, e voltaria sozinho para a Terra.
Felizmente deu tudo certo e se tornou a maior carona de volta para casa jamais registrada.
Em tempos de Space X e em comparação se olharmos para trás Michael Collins foi um luxuoso Uber X com água e comida desidratada.
Ausente de ego ele sabe e sempre enfatizou que o projeto Apollo 11 foi um esforço humano coletivo descomunal (envolvendo diretamente o trabalho de mais de 400 mil pessoas) e também foi o responsável pelo desenho da expedição, uma águia pousando na lua e carregando um ramo de oliva, um dos símbolos do país e o símbolo universal dos navegantes marítimos, indicando o simples e emotivo "terra à vista".
Exatamente como na foto tirada por ele.
Claro, algumas muitas pessoas dizem e com muitos argumentos que toda esta história é uma farsa montada pelo governo dos Estados Unidos da era da Guerra Fria e que o homem jamais pisou em solo lunar, mas como eu gosto de boas histórias (e boas histórias sempre possuem um pouco de mentira) eu te diria o seguinte: o homem na lua é uma ótima história e governos mentindo são um fato universal.
Deixa a gente sonhar em paz, a humanidade já sofreu bastante quando descobriu não ser eterna, não ser o centro do universo e ainda sermos parentes dos macacos, pelo menos deixem-nos fantasiar e viver no mundo da lua e das suas possibilidades.
E se enfim descobrirmos a existência de seres vivos em outros planetas ainda vamos ter de lidar com o fato de que também não somos filhos únicos e talvez Deus tenha seus preferidos longe de nós.
Aliás, e se a Terra for realmente plana e se Deus além de designer está tocando bateria no universo e nós somos o prato?
Ba Dum Tss.
Júpiter é o bumbo de certeza, Saturno é o chimbal, Mercúrio é a caixa, Vênus, Marte, Urano e Netuno a orquestra de tom-tom e Plutão, coitado, apenas um cowbell.
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1969 foi também um ano incrível no mundo da música com os lançamentos dos primeiros discos das carreiras do King Crimson (In the Court of the Crimson King), The Stooges (The Stooges) e MC5 (Kick Out the Jams) e também os segundos discos (e os meus favoritos) do Isaac Hayes (Hot Buttered Soul), Frank Zappa (Hot Rats) e Jethro Tull (Stand Up) e como se fosse pouco os dois primeiros discos do Led Zeppelin (I e II), o terceiro disco do The Velvet Underground (The Velvet Underground) e o quinto disco da Dusty Springfield (Dusty in Memphis).
Neste mesmo ano os Beatles também lançaram o disco Abbey Road com o Paul McCartney dando um pequeno grande passo descalço na avenida em frente ao estúdio e claro, 1969 também foi o ano da primeira edição do Festival Woodstock, aquele momento tão mágico na história da música que nem mesmo as edições do Woodstock posteriores conseguiram imitar o Festival Woodstock original.
Três dias de música é até possível, mas depois dos anos 80 qualquer tentativa de pedir paz e amor é forçar a amizade.
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Em tempo: 15 anos antes da chegada do homem na lua, em 1954, foi o ano da primeira gravação da música "In Other Words" por Kaye Ballard, mais conhecida como "Fly Me to the Moon" na versão gravada por Frank Sinatra em 1964 e também pela versão do Bobby Womack em 1969, poucos meses antes do homem chegar ao nosso satélite cinzento, e desnecessário falar mais sobre elas, procure todas as versões por aí e ouça-as.
No ano seguinte o Jethro Tull lançou a música "For Michael Collins, Jeffrey And Me" mencionando Michael Collins e o segundo verso imagina como Collins poderia ter se sentido por ao mesmo tempo ter sido excluído da famosa caminhada mas também detendo a maior responsabilidade pelo sucesso da missão:
I'm with you L.E.M
Though it's a shame that it had to be you
The mother ship
Is just a blip from your trip made for two
I'm with you boys
So please employ just a little extra care
It's on my mind
I'm left behind when I should have been there
Walking with you
Procure por aí e ouça também.
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Na data de hoje o Planeta Terra conta com 7.983.082.008 pessoas vivas e o clipe da canção Despacito (Devagarinho) do Luis Fonsi foi assistido 7.942.198.070 (7.942.198.071 por minha causa neste exato momento) de vezes no YouTube.
Ou seja, essa é o único videoclipe da história da humanidade que foi numericamente assistido por quase todas as pessoas vivas atualmente, embora na prática eu chuto que apenas três vizinhos chatos assistiram o vídeo 2.647.399.356,666 (fiz questão de deixar esse ,666) vezes cada um.
Despacito também é campeã na lista de reproduções do Spotity, na Suécia por exemplo ela foi ouvida mais de 100 milhões de vezes, 10 vezes mais que a população total do país então ou a Suécia tem 10 vezes mais suingue e malemolência que nós podemos imaginar ou apenas 10 suecos ouviram ela 10 milhões de vezes cada um e incomodaram todos os outros 9.999.990 vizinhos suecos.
Eu me surpreendo este nome não ter se tornado gíria para algo exagerado ou que tenha atingido ou deva alcançar todo mundo como:
- Cara, despacitou geral.
Ou:
- Despacitou de vez.
Ou ainda:
- Despacita para todo mundo este email por favor.
Ou até mesmo para você esfriar a cabeça e se acalmar, como:
- Despacita as ideias, irmão.
Ou:
- Despacita que vai dar tudo certo.
Mas a grande verdade é que se você encaixar a letra de "Fly Me to the Moon" com "Despacito" dá para cantar elas juntas num fôlego só, e dependendo do álcool ingerido o seu Wando interior pode aparecer depois sem pudor nenhum.
Fly me to the moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like on
A-Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, baby, kiss me
Despacito
Quiero respirar tu cuello despacito
Deja que te diga cosas al oido
Para que te acuerdes si no estás conmigo
Você é luz
É raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
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Mas agora vem a pergunta, se Michael Collins achou o caminho de volta para casa mesmo estando fora do nosso planeta por que você (é, você) é tão burro assim?
As redes socias podem responder.
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Cápsulas lunares do tempo.
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E a Guerra da Ucrânia hein? Continua a todo vapor e, por falar em vapor, a Europa toda continua comemorando as sanções contra a Rússia, que agora a energia é verde, que Putin vai perder.
Resultado: A Europa toda agora voltou a usar carvão para não usar gás russo, a China já é o maior comprador de gás russo, a Índia já compra dezenas de vezes mais petróleo russo barato, e a Alemanha agora está criando espaços coletivos com aquecimento coletivo para as pessoas não passarem frio no inverno que está chegando.
Daqui a pouco vão voltar a acampar e ter de se aquecer em rodinha em volta da fogueira e o carvão vai voltar para ficar.
Fica a lição, não se arruma briga com quem tem recursos naturais.
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E por falar em recursos a Europa pela primeira vez em mais de cem anos voltou a ver as pedras da fome, rochas nos leitos dos rios cujas frases e avisos escritos só são visíveis quando os níveis dos rios estão extremamente baixos e são uma lembrança amarga da falta de água e as suas consequências na vida das pessoas ou, se ainda não ficou claro, fome.
Uma das mais famosas tem a frase "se você me vir, chore" e ainda as marcações dos anos os anos 1417, 1616, 1707, 1746, 1790, 1800, 1811, 1830, 1842, 1868, 1892 e 1893.
Não necessariamente essas pedras vão se concretizar em fome no tempo em que vivemos - pós-revolução industrial e economia e produção de alimentos mundialmente produzida e transportada - mas é mais uma imagem clara e uma boa lembrança do quão pouco nós conhecemos sobre o nosso passado e quão confortável é a nossa vida hoje em dia.
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E por falar em seca, motoristas de Uber passaram a fazer programa sexual com os clientes para complementar a renda das corridas do aplicativo e segundo a empresa esta atitude fere o código de conduta e pode afastar o motorista da plataforma.
Que oportunidade perdida, se eu fosse o dono desta empresa criaria logo a versão extra-luxo do Uber X e chamaria naturalmente de Uber XXX ou até mesmo de Uber SeX e junto com água e balinha você ganharia também gel e camisinha e a tarifa dinâmica seria calculada pelo tipo de serviço solicitado: Boquete, rapidinha, demoradinha, demoradinha com amor, rapidinha com conchinha, demoradinha com conchinha e ainda as posições Uber e Under com os bancos do carro reclinados.
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No dia 04/08/2022 fez 60 anos da morte da sensacional Marilyn Monroe, a mulher que provou ao mundo como as mulheres seriam mais bonitas se todas fossem em preto e branco.
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No dia 05/08/2022 morreu o sensacional Jô Soares, que muito me fez rir na vida, uma criatura genial e divertidíssima e parte da história cultural brasileira como todo mundo sabe.
Conta-se inclusive da sua mania enquanto jovem de subir na sacada ou terraço do apartamento do prédio em que morava no Rio de Janeiro e ficar gritando que iria se matar até juntar pessoas o suficiente embaixo e, na chegada da primeira viatura policial, então gritava "amanhã tem mais pessoal" e voltava para dentro.
Mas ninguém sabe, e provavelmente nem ele, é que Jô Soares foi o responsável pelo início da Primeira Guerra Mundial mesmo tendo nascido anos depois do fim dela e eu posso provar, embora muito provavelmente tenha sido sem querer e ele provavelmente morreu sem saber ter sido o grande causador do conflito ou de como o seu nome foi envolvido.
E tudo por causa de um sanduíche.
E mais triste ainda, eu não vou te contar agora, afinal de acordo com o meu planejamento sobre esta história ela só aparecerá nos meus ensaios daqui um ou dois anos ainda, então você vai ter de esperar os próximos capítulos para saber.
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E hoje 16/08/2022 faz 45 anos da morte do sensacional Elvis Presley e Pocket Full of Rainbows é provavelmente a primeira música que eu ouvi na vida e com toda certeza é a primeira música na minha memória afetiva de identificar e ouvir ela sozinho.
Segundo a lenda a minha mãe ouvia o tempo todo e colocava para eu ouvir também, e depois da sua morte os seus discos passaram a me fazer companhia, e como ela sempre deixava este do Elvis na frente de todos foi o primeiro que ouvi por escolha própria ainda criança.
Elvis também é a prova de que os homens seriam muito mais bonitos se fossem todos em preto e branco também, e com um bolso cheio de arco-íris em sete tons de cinza seria charmoso demais.
Por mera coincidência Elvis morreu 10 dias antes de eu nascer e este é um dado completamente inútil como qualquer conexão forçada mesmo com a melhor e mais romântica das intenções, mas de qualquer forma outra lembrança minha do Jô Soares sobre o tema é uma frase dita por ele uma vez: Coincidências são sempre tão incríveis que nunca podem ser meras.
Existem várias outras lendas sobre a minha mãe enquanto estava viva, como a de ter desmaiado no cinema na cena do vômito do filme O Exorcista ou de cair na gargalhada histericamente anos depois na cena do xenomorfo rompendo o estômago do John Hurt em Alien, o Oitavo Passageiro.
Jô Soares também disse achar o medo da morte um sentimento inútil e eu concordo mesmo sem querer pensar muito sobre, hoje eu apenas corto a maçã, mas minha mãe concordaria com ele por ter pensado no tema como uma escolha e o Romão sabe bem mais sobre por escolha própria todos os dias e deve concordar por uma simples questão prática diária.
Elvis, Marilyn e Jô foram os responsáveis pelas minhas insônias desde a primeira infância, fosse ouvindo música com fone no escuro de madrugada ou voltando escondido para a sala depois das 22 quando todo mundo já estava dormindo para assistir o programa de entrevistas do Jô sem volume, a Marilyn em preto e branco ou o Elvis colorido artificialmente em Technicolor, no volume mais baixinho possível.
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E hoje também é o último capítulo de Better Call Saul e como este é um livro sendo escrito e postado em tempo real te aviso agora, em tempo real, que termino este ensaio por aqui mesmo e então vou almoçar e daí assistir ao final da série e faço questão de te contar assim que puder.
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