ENSAIO 72: SANDY & JUNIOR

Foto: Robson Ramon

Se você está aqui pela primeira vez este ensaio faz parte de um livro sendo escrito em tempo real seguindo a narrativa do fluxo de consciência, se te interessar acompanhar o processo comece pelo primeiro.

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24/02/2025

SANDY & JUNIOR

Mas tudo tem limites, todos têm limites, menos para mim, menos eu.

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Pleased to meet you

Hope you guess my name

Ah, what's puzzling you

Is the nature of my game

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Esse turu, turu, turu aqui dentro

Que faz turu, turu quando você passa

Meu olhar decora cada movimento

Até seu sorriso me deixa sem graça

Se eu pudesse te prender, dominar seus sentimentos

Controlar seus passos, ler sua agenda e pensamento

Mas meu frágil coração acelera o batimento

E faz turu, turu, turu, turu, turu, turu, tu

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Serguei tem origem no latim Sergius (algumas teorias apontam para uma possível relação com as palavras "servo" ou "guardião"), nome popular romano que se tornou comum na Rússia, especialmente por causa de São Sérgio de Radonej (Serguei Radonejski), monge ortodoxo do século XIV venerado como um dos grandes santos do país.

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A música "Sympathy for the Devil" dos Rolling Stones, lançada em 1968 no álbum Beggars Banquet, é uma das mais famosas da banda e possui uma letra cheia de provocações e significados, escrita por Mick Jagger e Keith Richards, questionando o conceito de maldade e reflexões sobre as ações humanas ao longo da história.

A ideia para a canção surgiu durante uma viagem que os Rolling Stones fizeram ao Brasil, em 1968, Jagger se inspirou pela leitura do livro Mestre e Margarida de Mikhail Bulgákov, um romance que mistura o real e o sobrenatural e retrata o Diabo (Woland) a partir da sua prórpia perspectiva, contando sua história em primeira pessoa e se apresentando como uma figura charmosa, sofisticada e muito mais complexa do que uma simples personificação do mal, apesar de também se orgulhar ser o responsável por uma série de acontecimentos históricos violentos e cruéis.

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Joseph Stálin consolidou seu poder na União Soviética após a morte de Vladimir Lênin entre 1924 e 1929, inicialmente disputando o controle do Partido Comunista com outros líderes como Leon Trótski, Zinóviev e Kamênev, realizando manobras políticas e expurgos internos, elimindando seus rivais e se tornando o líder absoluto do país até sua morte em 1953.

Conta-se que em determinado momento de seu governo adotou-se como padrão tocar um sino ou campainha para que os presentes parassem de aplaudir após os seus discursos não por causa da sua popularidade, mas por ter executado um oficial que parou de aplaudir antes de todo mundo e desde então ninguém mais quis assumir esta posição.

Assim como a repressão política, a repressão religiosa na União Soviética começou logo após a Revolução de 1917, ainda com Lênin no comando; o regime bolchevique via a religião como um obstáculo ao comunismo, pregando o ateísmo e a ciência como base da sociedade, repressão esta que escalou com Stálin no poder.

As medidas contra a religião incluíam:

Fechamento e destruição de igrejas.

Execução e prisão de padres e religiosos.

Criação de campos de expurgo e isolamento, conhecidos como Gulags.

Proibição de cultos públicos fora de locais autorizados pelo estado e intensa propaganda ateísta.

Ateísmo como política oficial de Estado, com ensino obrigatório de materialismo dialético e campanhas anti-religiosas.

Muitas igrejas foram transformadas em museus do ateísmo, armazéns, prisões ou escritórios do governo; algumas catedrais foram demolidas e outras foram simplesmente abandonadas e saqueadas, mas apesar de toda repressão muitos fiéis encontraram formas clandestinas de praticar sua religião, escondendo ícones religiosos atrás de retratos de líderes soviéticos e realizando cultos secretos em casas, porões e até em florestas, incluindo batismos, casamentos e funerais, em boa parte também escondidos das crianças pois estas eram ensinadas nas escolas para identificar e denunciar pais religiosos, como parte da doutrinação ateísta.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Stálin percebeu que a fé ainda era forte entre o povo e relaxou um pouco a perseguição para ganhar apoio na luta contra a Alemanha nazista, reabrindo algumas igrejas sob controle estatal, fé esta que sobreviveu e ressurgiu fortemente depois da queda da União Soviética em 1991.

É interessante pensar que mesmo uma sociedade ateísta artificial, supostamente baseada na racionalidade, seguiu os mesmos preceitos da religião que desejou combater: medo, doutrinação, perseguição, repressão, assassinatos, fogo.

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O romance Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov, é uma das obras mais enigmáticas e satíricas da literatura russa e sua história se passa na Moscou dos anos 1930, durante o regime stalinista,

Bulgákov escreveu o livro entre 1928 e 1940, durante um regime de intensa repressão política e marcado pelo culto à personalidade, expurgos, censura e perseguição intelectual; escritores e artistas que não seguiam a linha oficial do Partido Comunista eram silenciados, presos ou até executados e o escritor, frustrado com a censura, chegou ele mesmo a queimar a primeira versão do romance mas depois reescreveu a obra, que circulou por anos em cópias clandestinas e tornando-se um símbolo da resistência intelectual contra a censura soviética.

A frase icônica do livro, "Os manuscritos não queimam", reflete sua crença na imortalidade da arte e da literatura.

O romance foi completamente proibido na União Soviética até 1966, quando uma versão censurada foi publicada na revista Moskva; a versão integral só foi lançada em 1973, mais de 30 anos após a morte do escritor e hoje é considerado um dos maiores clássicos da literatura mundial, aclamado por sua ousadia, crítica ao totalitarismo e estilo único.

O enredo do livro mistura e alterna entre três narrativas principais:

- A visita do excêntrico Woland, o Diabo em pessoa junto de seus companheiros, figuras igualmente demoníacas e excêntricas: Korôviev (ou Fagot), alto, magro e sarcástico e sempre vestindo roupas extravagantes; Behemoth, um gato preto gigante que anda sobre duas patas, fala, faz piadas, adora vodka e, naturalmente, caos; Azazello, um guerreiro de aparência feroz, ruivo e com dentes salientes, encarregado das execuções; e Hella, uma mulher pálida e sedutora e de cabelos vermelhos, ligada à regeneração e cura mas também a representação das tentações. Juntos, eles espalham o caos em Moscou com humor e brutalidade e causando terror entre os burocratas e intelectuais da cidade, expondo a corrupção e a hipocrisia da sociedade soviética e do regime comunista e zombando da elite literária e política.

- A história do Mestre e de Margarida, um escritor perseguido e desiludido que se interna voluntariamente em um hospício após escrever um romance sobre Pôncio Pilatos, tema considerado subversivo na URSS, e sua amada Margarida, esposa que busca vingança de uma forma mais pessoal e emocional como parte de sua jornada, fazendo um pacto com Woland para salvar o Mestre e recuperar seu livro perdido.

- A história de Pôncio Pilatos, o romance dentro do romance escrito pelo Mestre, recontando o julgamento e a crucificação de Jesus do ponto de vista do governador romano e a sua luta com a própria consciência e covardia.

As três narrativas se entrelaçam de forma surrealista e combinando elementos de fantasia, sátira política e filosófica, crítica social e religiosa e também elementos da jornada do herói, lei do retorno e vingança; questionando e expondo as hipocrisias tanto da fé quanto da sociedade russa, especialmente no contexto do cristianismo mas também do ateísmo oficial do regime soviético.

A Moscou dos anos 30 retratada é uma sociedade oficialmente ateia, onde qualquer discussão sobre deus ou o Diabo é ridicularizada e considerada perigosa, e Bulgákov analisa isto de forma complexa, misturando sátira, simbolismo e ironia, focando na crítica ao ateísmo militante e hipocrisia da elite intelectual e burocrática da União Soviética e ao mesmo tempo toca em questões relacionadas à fé e moralidade cristã, mostrando o materialismo e a corrupção desse sistema, pois apesar de se declararem ateus e racionais, muitos personagens ainda agem com superstição e medo diante dos acontecimentos sobrenaturais causados por Woland.

Embora Mestre e Margarida não seja uma crítica direta ao cristianismo como doutrina, ele questiona a hipocrisia presente tanto na sociedade soviética ateísta quanto em qualquer sistema moral rígido; o romance sugere que a verdadeira fé (ou moralidade) não está em seguir dogmas ou ideologias, mas em atos de bondade, amor e busca pela verdade, algo que tanto Jesus quanto Margarida representam de diferentes formas.

Quase um século atrás Mikhail já sabia que, ao atrelar moralidade com religião, o único efeito prático seriam pessoas imorais usarem a fé como disfarce, onde pregam uma coisa e fazem outra.

Nas páginas da primeira narrativa, Woland e seus colegas infernais apavoram a vida principalmente dos membros do MASSOLIT (Massovaya Lit ou Massovaya Literatura, Literatura de Massa em português, a elite literária e burocrática da cidade), apresentados como figuras egoístas e medíocres, obcecadas por privilégios, festas e status, enquanto fingem seguir a ideologia oficial do regime, personificados em figuras como o funcionário Serguei Varfolomeievitch.

O seu sobrenome vem do nome Varfolomei, a versão russa de Bartolomeu, de origem hebraica (Bar-Tolmai, que significa "filho de Tolmai") e o sufixo "-vitch" indica "filho de", então Varfolomeievitch significa "filho de Bartolomeu".

Na tradição cristã, São Bartolomeu foi um dos apóstolos de Jesus e, segundo a lenda, martirizado e esfolado vivo, este detalhe pode ter uma ironia oculta no nome do personagem, pois muitos dos escritores e burocratas no livro acabam sofrendo diante do poder de Woland.

As partes do livro dentro do livro sobre a história de Pôncio Pilatos mostra uma abordagem diferente da visão cristã tradicional, Pilatos não é apenas o governador romano que condena Jesus, mas um homem dilacerado pelo remorso e pela covardia por reconhecer a bondade e a sabedoria do filho de deus mas, por medo de perder seu poder ou ele mesmo ser punido pela multidão, permite a sua execução, tocando em um dos principais dilemas morais do cristianismo: a relação entre poder, medo e responsabilidade.

Na visão do escritor, mesmo cedendo, Pilatos não lava suas mãos e leva consigo o peso da culpa.

Pilatos sofre pelo seu erro ao longo do romance e sua única redenção vem no final, quando Woland intervém e lhe concede a chance de "andar pela luz da lua" e finalmente encontrar paz, uma visão muito diferente da tradicional redenção cristã, subvertendo a ideia do Diabo como apenas um ser maligno e sugerindo uma realidade bem mais complexa e diferente do bem e o mal absolutos pregados por religiões tradicionais, pois o perdão vem não de deus mas do próprio Diabo, mostrando o quanto Bulgákov estava mais interessado nas questões humanas de culpa e expiação, além da teologia dogmática.

E nas linhas sobre os personagens principais, o Mestre vive na mesma época e período em que Woland chega em Moscou, apreensivo de início mas, com a ajuda de sua esposa Margarida, é resgatado, libertado do sofrimento causado pelo ostracismo em vida, recuperando o seu livro, elemento-chave tal qual a redenção do governador romano, vinda de Woland que muito além de ser o símbolo do mal absoluto, se comporta como um juiz ou um restaurador da justiça cósmica e até recompensando Margarida por seu amor e fidelidade ao Mestre.

Ao final da história, o casal também encontra um tipo de redenção espiritual:

Woland oferece ao casal uma vida eterna juntos em um refúgio tranquilo fora do alcance da realidade, uma forma de recompensá-los pela pureza e amor mútuo e resiliente, apesar dos desafios, uma espécie de paraíso privado onde podem finalmente descansar longe da dor, do sofrimento e da corrupção social.

Além de ser uma leitura complexa e desafiadora, é interessantíssimo concluir o quanto Mikhail projetou-se nas páginas e escreveu apenas sobre si e seu mundo, a perseguição política e religiosa, suas próprias crises literárias e o apoio da sua esposa e mais, a solução mágica, transgressora e original com a qual ele decide concluir a sua obra: o Diabo como único redentor possível em uma era onde nem a religião nem muito menos a razão imposta conseguiriam o mesmo feito.

E eu, longe do charme e das insólitas boas intenções de Woland, não era raro aparecer onde eu não era chamado e deixar um pouco de caos depois de ir embora.

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Poucos meses depois da morte de Keith Flint o cantor Sérgio Augusto Bustamante, mais conhecido como Serguei, morreu em 7 de junho de 2019 aos 85 anos, após ser internado no Hospital Zilda Arns na cidade de Volta Redonda no Estado do Rio de Janeiro, com problemas de saúde causados por uma disfunção cardíaca, desnutrição e pneumonia.

Defensor em vida do Rock and Roll brasileiro e famoso tanto por sua música quanto por seu estilo de vida excêntrico, e entre várias lendas sobre si dizia ter sido amigo íntimo de Janis Joplin, e uma das histórias mais excêntricas de Serguei era sobre o seu relacionamento amoroso com uma árvore chamada "Dona Ficus" com quem, além de transar (não me pergunte como), conversava regularmente.

O nome artístico Serguei foi adotado porque ele tinha um fascínio pela cultura russa e acreditava que o nome soava forte e exótico, combinando a sonoridade com sua personalidade extravagante.

Esteve no famoso Festival Woodstock e cantava "Sympathy for the Devil" dos Stones e "Summertime" da Janis como se fossem composições suas e após o Rock in Rio de 2001 Serguei contava que Axl Rose o quis conhecer "porque eu abaixei as calças no palco, mas eu estava muito cansado e preferi ir embora. Mas eu adoro o Guns N’ Roses" e que (sempre segundo suas palavras) Axl insistiu "Pelo amor de Deus, segurem este louco pois eu tenho que conhecê-lo".

O cantor foi um dos artistas com mais convites e aparições no Programa do Jô (apresentado por Jô Soares, de quem foi um grande amigo) e em 2004 desfilou pela grife Cavalera na São Paulo Fashion Week, com a famosa camisa "Eu Comi a Janis Joplin" mas, apesar de tantas histórias não-confirmadas e lendas oficiais existe pelo menos uma história que o Serguei não conta e, a bem da verdade, nem Digão, nem Marcelo D2, nem mesmo Josh Homme.

Eu tinha provavelmente 11 anos de idade, era janeiro e estávamos na praia, Enseada na região de em São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

Todo mundo do interior vai para a praia em janeiro.

De noite eu estava pedalando sozinho quando vi de longe na orla um palco com banda tocando.

Rock and Roll.

E apareceu alguém, provavelmente da prefeitura da cidade e avisou no microfone:

- E daqui a pouco: SERGUEI!!!

Ninguém aplaudiu, não tinha quase ninguém para aplaudir também.

Mas o nome me chamou atenção, nesta época eu já estava tentando ser gay também, então esperei para ver quem era ele e pegar umas dicas de como ser gay.

Deus que coisa assustadora, se isto era ser gay, eu não queria mais ser gay.

Como só estava eu na frente do palco ele começou a me olhar e cantar e apontar para mim e gritar e cantar e apontar e se ajoelhar.

Resolvi tomar uma atitude, enchi as mãos de areia e joguei nele e ele continuou como se nada tivesse acontecido.

Na música seguinte as mesmas encaradas e cantos e gritos e ajoelhadas.

Joguei areia de novo.

Ele não reagiu.

Mas todos os gestos dele pareciam os de alguém acostumado a tomar areia na cara e ele se agitava para se limpar, então parecia fazer parte do show.

Até que a música acabou e eu, com as mãos cheias, apontei novamente para ele.

Ele percebeu e gritou:

- SE VOCÊ JOGAR EU VOU DESCER AÍ.

Óbvio que eu joguei.

Ele não desceu.

Pegou o microfone e perguntou, olhando para o nada de pessoas presentes:

- Esse menino não tem pai nem mãe não???

Apenas pensei: Não senhor Serguei, eu não tenho pai nem mãe não.

Abaixei a cabeça, peguei a minha bicicleta e fui embora.

Quanta falta de respeito senhor Serguei, eu estava crescendo e tentando ser gay igual você, e se você comeu a Janis Joplin, a minha mãe quase foi capa do disco do Iron Maiden e você aí se achando.

Anos depois já supostamente adulto e em outras areias fui no show dos Raimundos na praia da Barra da Lagoa em Florianópolis e sabe como é, guitarrista na frente, areia ao alcance, enchi as mãos e joguei.

Digão não fez nada.

Duas ou três músicas depois, joguei de novo.

Ele me xingou:

- Saqui daqui ô filho da puta! Agita que nem homem caralho!

Mesmo ele sabia que me xingar era estímulo para jogar mais, e mesmo eu sabia que se fizesse isto provavelmente seria a minha última vez, mas não resisti.

Joguei novamente, fui xingando novamente, apareceram umas quatro mãos contratatas por cem reais a noite inteira e fui arrastado até o fim da plateia com tapas na nunca até quase esquecer o meu nome.

Lembrei meu nome, lembrei o caminho de casa e fui dormir orgulhoso.

Algum tempo depois (não sei dizer se meses ou anos) o Planet Hemp apareceu em Florianópolis para o seu primeiro show depois de ficarem (não sei dizer se meses ou anos) presos por apologia às drogas e, não sei se empolgação ou efeito da fumaça, quando eles começaram a tocar a música mais famosa deles, "Mantenha o Respeito", eu comecei a cantar:

- Vamo pular, vamo pular vamo pular vamo pular!

Foi ótimo, todo mundo manteve o respeito e com certo constrangimento alguns até pularam junto, mas ninguém cantou comigo.

E quase 15 anos depois o Queens Of The Stone Age estava tocando em São Paulo quando chegou a hora da baladinha Make It Wit Chu.

Conhece?

Segue o texto.

Não conhece?

Escreve no Youtube: Queens Of The Stone Age - Make It Wit Chu, ouve e depois volta aqui, ou pode até ouvir ela e ler aqui ao mesmo tempo, vai ser uma memória compartilhada e interativa.

Como você já pode imaginar pelas memórias anteriores, eu sou insuportável em shows e no show do Queens of the Stone Age não seria diferente.

E Rock and Roll do bom tem de ter areia, suingue ou no meu caso, axé, muito axé.

Eu não sei dizer o motivo, talvez fosse só alegria mas mesmo antes do show começar, do nada eu comecei a gritar pela presença da Claudia Leitte como se fosse show dela, antes da banda entrar no palco.

No começo alguns amigos entraram na brincadeira me ajudando nos gritos de “Claudinha, Claudinha” e cantando “Então vem, que eu conto os dias conto as horas pra te ver, eu não consigo te esquecer” e também “Axé, muito axé, axé pra todo mundo axé”.

Mas tudo tem limites, todos têm limites, menos para mim, menos eu.

Eu continuei.

Mas enfim a banda entrou, aquele desbunde Rock and Roll típico deles e daí, quando chegou a hora da baladinha, meu cérebro entrou em hiperatividade histérica.

Comecei a cantar:

Meu bem, você me dá água na boca

Vestindo fantasias, tirando a roupa

Molhada de suor

De tanto a gente se beijar

De tanto imaginar loucuras

Encaixou perfeitamente.

E aí chegou o refrão e eu:

É preciso amar

As pessoas como se não houvesse amanhã

Porque se você parar pra pensar

Na verdade não há

Encaixou perfeitamente de novo.

Oras, se Black Sabbath plagiou Wanusa, Deep Purple o Carlos Lyra e Rod Stewart o Jorge Ben Jor, por que não Josh Homme plagiando Rita Lee e Renato Russo em uma levada só???

Apenas sei que em algum momento uma mulher me puxou pela camiseta e gritou nos meus ouvidos:

- Meu, você tá cagando com o show.

Mas tanto ela quanto o namorado estavam chorando de rir, então fiz valer os seus ingressos e logo após acabar eles vieram puxar papo para me contar que eram de São Petersburgo e moravam apenas seis meses no Brasil, já falando um português sem sotaque mais fluente que o meu próprio português e me fez lembrar o motivo pelo qual uma tradução direta de livros russos clássicos para a língua portuguesa são melhores que as edições traduzidas a partir do inglês.

Não tinha areia, mas nós cantamos, pulamos, agitamos e definitivamente rimos.

Duvido que Josh Homme tenha percebido a minha presença e com certa segurança afirmo que jogar areia nele não seria nada demais para um cara cuja carreira começou levando gerador para o deserto e poder fumar maconha e fazer barulho em paz, longe de pais e mães, policiais e professores.

É fato, as pessoas preferem me ver triste, eu feliz fico insuportável e tenho disposição, interesse e plenas condições físicas e mentais para destruir o seu aniversário, casamento ou formatura mas em contrapartida posso dar uma agitada legal no seu velório, favor contatar aqui, e se tiver areia, areia usarei.

Mas então um dia o Diabo de verdade decide aparecer e fazer o mundo se vingar de mim.

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É fato também que todo homem precisa de uma Margarida ao seu lado e está no pacote ela ser linda, teimosa, fresca e orgulhosa, se possível com um bundão de abelha, acrescenta um pouco de briga e birra e claro, o vício em pipoca e a capacidade de te trolar da forma mais inesperada possível e, ainda por cima, usar Sandy & Junior contra você.

Sobre o Junior não vou falar nada porque já tinha desistido de ser gay em algum momento entre o show do Serguei e o show dos Raimundos mas Sandy, sabe como é, Sandy é Sandy.

A Sandy é perfeita, um bombom, um quindim, um docinho de coco.

Linda, fofa, querida, e com todo o respeito, gostosa.

A Sandy é tão perfeita que nunca ninguém falou sobre a bunda dela.

Sandy não tem bunda, Sandy tem bumbum.

Sandy não peida, não arrota, não ronca, não conta piada suja e até as suas fantasias sexuais com ela parecem mais um filme destes com tarja rosa, unicórnios, jardins floridos e cachoeiras comportadas, mas até nisto ela te supera, pois segundo consta pela internet Sandy faz striptease, assiste filme pornô, tem vontade de ir em casa de troca de casais e usa vibradores, mas ainda assim tão respeitosamente gostosa que nunca lançou uma coleção de vibradores com a sua assinatura, nem mesmo um dadinho sexual com posições sexuais comportadas, menos ainda algum gel lubrificador com aroma de Tutti-Frutti comportado.

E olha só, além de bumbum, contam-se as más cunilínguas que Sandy já deu o fiofó*, e gostou.

Em 2011, em uma entrevista para a Playboy, Sandy declarou:

- Falando de uma forma geral, eu acho que é possível ter prazer anal. Sim, porque é fisiológico. Não é todo mundo. Deve ser a minoria que gosta.

Causou comoção nacional, mas como todo mundo que dá o cu escondido depois declarou que suas palavras foram tiradas de contexto, zero surpresas.

Sandy é sensacional, o fetiche católico perfeito com todas as culpas possíveis e felizmente, até onde se sabe, o Serguei não comeu ela.

Contexto por contexto, surpresa por surpresa, eu odeio surpresas, ainda mais se for no contexto do meu aniversário, eu sequer comemoro o meu aniversário, imagina ser surpreendido no meu aniversário.

Mas ninguém nunca foi proibido de me dar parabéns e menos ainda de me trolar, até mesmo porque trolagem autorizada não é trolagem.

Mas existem limites, e todos eles foram atropelados na véspera do meu aniversário quando estávamos indo para uma "é surpresa" e como de hábito eu sentei na frente do lado do taxista.

Não tinha sido uma semana fácil, dois dias antes tivemos de fugir de fascistas com anti na frente e pedimos Ifood para não tomar pedrada na rua e lá estávamos nós em pleno domingo indo para uma surpresa, a qual deixou rapidinho de ser supresa quando, em algum momento chegando na Avenida Pompéia deparei com uma placa luminosa no solo onde estava escrito:

SANDY & JUNIOR

MANTENHA À DIREITA

Apenas deixei escapar um:

- Puta que pariu.

E pelas gargalhadas do taxista, ele tinha sido cúmplice.

Não tinha mais escapatória, lá estávamos nós no Allianz Parque que repentinamente, desde a fila, se tornou o mais próximo da experiência de estar no paraíso e no inferno ao mesmo tempo, nunca vi tantas mães e filhas juntas ao mesmo tempo, as mães incrivelmente gostosas e as filhas... bem, as caras das mães.

Quarentonas e novinhas vestidas iguais cantando naquela estridência onde a plateia era no mínimo 90% feminina, bundas e bumbuns, o 10% de homens eram a soma de uns poucos maridos e namorados e mais ainda seguranças, equipe de luz e som e até os policiais lá fora.

E aí o show começou, não teve "Sympathy for the Devil" nem "Make it Wit Chu", nem "Mantenha o Respeito" e felizmente nem "Puteiro em João Pessoa" mas, como praticamente tudo composto nos Anos 90, sabemos cantar sem admitir.

Você não pode falar mal de um espetáculo começando com "Não Dá pra Não Pensar", "Nada Vai Me sufocar", "No Fundo do Coração" e "Estranho Jeito de Amar" e encerrando com "Quando Você Passa (Turu Turu)", "Desperdiçou" e... "Vamo Pulá!"

Duas horas ouvindo 60.000 mulheres lindas desafinadas cantando afinadas não é pouca coisa, foi a maior trolagem e o melhor (pior) presente de aniversário da minha vida, Woland não faria melhor (pior).

Mas se o inferno está na terra e o Diabo dentro de nós, dois dias antes deste show vimos outro show, de horrores, e quero tentar entender e explicar por qual motivo as pessoas, em pleno século 21, ainda acham viável, civilizado e moral... queimar outras pessoas.

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Em tempo, Sandy é tão fofa que além de ter bumbum, dar o fiofó e embalar fantasias sexuais masculinas megalomaníacas também embala traumas tão fofos quanto, porque em algum momento entre desistir de ser gay entre o show do Serguei e os xingões do Digão chegou a hora de me tornar adulto e tirar o primeiro dente do siso.

Você até pode estar preparado para ir tirar um dente do siso, mas nunca para a auxiliar do dentista.

Porra que gata, por que justo uma mulher dessas, justo hoje, justo aqui?

Quando meu dentista me apresentou nem ouvi o nome, tive apenas vontade de dizer: Eu nem tenho dente do siso, vim aqui só te conhecer.

Mas antes de tomar qualquer atitude eu já estava anestesiado e como a anestesia é apenas local, estava de pau duro também.

Eu disse que ela era gata.

Demais.

Que gata, e muito mais que um bumbum, que bunda.

Aí ela se debruçava sobre mim para acompanhar o procedimento e eu olhava sem dó o decote da blusa dela.

Na verdade nem tinha decote, era a minha mente.

Eu via ela pelada usando apenas máscara cirúrgica e segurando duas brocas, uma em cada mão, seria este o famoso misto de prazer e agonia que a Sandy tanto cantava?

Me percebi falando como fanho sofredor de bullying e excitado como adolescente sofredor de priapismo, a broca fazendo vrrrruuuumm e meu coração fazendo turu turu turu aqui dentro, meu olhar decorava cada movimento, e meu siso me deixava sem graça.

Deve ser isso que acontece nestes encontros sandymasoquistas.

O dente teve de ser quebrado em quatro partes para poder ser extraído, e isso estragou todas as chances dela sair comigo, ela jamais sairia com alguém que precisou ter um siso quebrado em quatro partes, as amigas dela jamais perdoariam ela.

Fiquei inchado quatro dias seguidos e tomando sorvete, lembrando de um fetiche involuntário onde o beijo teria gosto de Malvatricin.

Que gata, que broca, que bunda.

E pelo menos ela não cantava sobre aquele maldito girassol amarelo, amarelo.

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*Eu não consegui pensar em nenhum termo equivalente e comportado como a Sandy para o ato de dar o cu, então mantenho o fiofó.

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Kapsel des Zeitstereotyps

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Um livro didático usado em escolas alemãs causou choque por supostamente reforçar estereótipos de pobreza do Brasil e uma mobilização de brasileiros levou editora a se desculpar e revisar a edição digital.

O livro “ABC der Tiere” traz como exemplo de criança brasileira um menino que não vai à escola, busca comida no lixo e sonha ser jogador de futebol, com a seguinte legenda:

“Olá, meu nome é Marco.

Eu moro no Rio de Janeiro.

Eu não vou à escola.

De manhã procuro restos de comida nas latas de lixo.

Quero me tornar um jogador de futebol profissional.”

Na mesma lição, uma garota alemã diz gostar de tocar violão depois da aula e querer ser educadora; um menino do Quênia tem o pai cozinheiro, a quem ajuda no trabalho depois da aula, e quer ter a mesma profissão que ele quando crescer, e uma garota japonesa estuda o dia inteiro para ser a melhor aluna e sonha em ser advogada.

Na nova versão, o menino brasileiro é apresentado como uma criança cuja matéria favorita é “esporte” e ainda tem o sonho de se tornar jogador de futebol:

“Olá, meu nome é Marco.

Moro no Rio de Janeiro/Brasil.

Minha matéria favorita é esportes.

Gosto de jogar futebol com outras crianças.

Meu sonho é me tornar um jogador de futebol profissional."

Por causa da ajuda dos brasileiros, agora Marco não tem mais nem lixo para comer.

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Por falar em ter ou não o que comer, uma resolução do governo federal vai obrigar os produtores rurais a carimbar a casca de cada ovo vendido a granel com a data de validade e o número de registro do estabelecimento produtor.

Cada ovo um carimbo, um carimbo em cada ovo, o que veio antes, o ovo ou a burocracia?

Se der espaço a próxima ideia vai ser por QR code na cloaca das funcionárias.

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Por falar em ovos até ontem a frase que eu usava para definir o brasil era: quebrou e ainda nem terminei de pagar.

Mas agora tudo mudou, o quilo do Café Pilão está R$ 127,32 à vista mas você pode parcelar em até três vezes, inclusive está sendo exposto nas prateleiras protegido por alarmes anti-furto iguais aqueles que as Lojas Renner colocam nas calcinhas .

De agora em diante a frase que define o Brasil vai ser: quem pode parcela, quem não pode rouba.

Se o Café Pilão está com alarme, os cafés especiais agora ficam em cofres?

O seu pai também mudou a frase dele de "isto está parecendo os anos 80" para "isto já está pior que os anos 80".

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E enquanto isto este é o email de resposta do poder judiciário do Estado de Santa Catarina quando você solicita o desarquivamento de um processo judicial:

Prezado(a),

Segue o procedimento para solicitação de desarquivamento de autos físicos: considerando o teor do

art. 1da Resolução Conjunta GP/CGJ N. 30 DE 17 DE DEZEMBRO DE 2020: Art. 10. A partir do dia 21

de janeiro de 2021, a solicitação de desarquivamento de processos judiciais físicos deverá ser

formulada exclusivamente por meio da Central de Atendimento Eletrônico disponível no endereço

http://cgjweb.tjsc.jus.br/atendimento/, mediante requerimento próprio dirigido à unidade

competente, devidamente instruído com cópia digital da guia de desarquivamento e do

comprovante de quitação. Esclareço que quando for providenciada a documentação, o(a) senhor(a)

deverá protocolar novo pedido na central. Por fim, encaminho as instruções para recolhimento da

guia: PAGAMENTO DE AUTENTICAÇÕES, DESARQUIVAMENTO, CERTIDÕES, etc: www.tjsc.jus.br

HYPERLINK "https://www.tjsc.jus.xn--br-qfa/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK

"http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/"

HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK

"http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/"

HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK

"http://www.tjsc.jus.br/" HYPERLINK "http://www.tjsc.jus.br/"¿ Custas e depósitos judiciais Guias de

atos comuns e isolados¿ Aba ¿Todos¿¿ Escolher o item desejado, clicando sobre o número -

Preencher dados solicitados e imprimir o boleto.

Link:http://app.tjsc.jus.br/bol/formulario.actionQuaisquer dúvidas, estamos à disposição.

Parece mais um email corrompido com vírus dos anos 2000 que um email de um órgão público, a tal justiça gratuita paga com o nosso dinheiro, que precisamos economizar nos ovos e no café para poder pagar.

Se logo estaremos procurando comida no lixo, não adiantará os alemães culpar.

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E por falar em justiça, Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que a Rede Globo pague uma indenização de R$ 10 mil a Suzane von Richthofen.

A decisão ocorreu após a emissora exibir, em uma reportagem do Fantástico em junho de 2018, um laudo psicológico sigiloso da ex-presidiária. A sentença ainda permite recurso por parte do canal.

O laudo, elaborado para avaliar a viabilidade de Suzane progredir para o regime semiaberto, indicou não ter evidências de que ela representasse perigo à sociedade. No entanto, o documento apontou traços de personalidade manipuladora e agressividade camuflada e a divulgação destas informações levou a defesa de Suzane a alegar que sua privacidade foi violada, pois o caso estava sob sigilo judicial.

Esta não fica sem ovos, toma café quentinho e tem acesso à justiça quando estiver afim.

O que será que o livrinho alemão falaria sobre a Suh?

Tentei imaginar:

“Olá, meu nome era Suzane von Richthofen, agora é Suzane Louise Magnani Muniz, mas pode me chamar de Suh.

Eu mandei matar os meus pais sem precisar sujar minhas mãos de sangue.

Fiquei presa só 20 anos.

Eu tenho um filho chamado Felipe e ele não vai precisar procurar restos de comida no lixo porque casei com médico.

Moro no interior porque morar na capital é muito violento.

Eu fabrico chinelinhos superfaturados.

O Brasil não é para amadores"

Será que a Suh tem bumbum?

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Estados Unidos e Rússia entraram em negociações para encerrar a guerra na Ucrânia... sem a participação da Ucrânia.

Enquanto isto um ex-oficial da inteligência soviética, Alnur Mussayev, afirmou no Facebook que Donald Trump foi recrutado pela KGB em 1987, recebendo o codinome “Krasnov”.

Mussayev, ex-chefe da inteligência do Cazaquistão, disse ter servido na 6ª Diretoria da KGB em Moscou, mas não apresentou evidências para sustentar sua alegação mas também afirmou que Vladimir Putin teria removido o arquivo de Trump do sistema de segurança russo (FSB) e agora estaria sob controle de um aliado próximo.

Trump não está dando um único ponto sem nó, alimentando sspeculações de longa data sobre seus vínculos com a Rússia desde sua primeira viagem para lá em... 1987.

Make America Perestroika Again.

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